Chegar antes da meia noite pra não quebrar o encanto, pra viver na fantasia. É assim nas histórias, a Cinderela se apressa, corre pra poder chegar em casa antes da meia noite, assim o encanto se faz eterno. Durou parte da noite mas depois é outra dia e alguém irá procurar ela pra viverem felizes para sempre.
Quantas vezes nós não corremos, aceleramos nossos carros, apertamos nosso passo pra chegarmos antes da hora em que o encanto se desfaz. Fugimos do tempo. Às vezes tanta pressa é pra chegar em casa antes de escurecer, é mais seguro. Talvez, antes da noite a vida não perca o encanto, talvez tudo pareça como um conto de fadas, sem assaltos, sem mortes, sem sustos. Parece valer a pena não desfrutar tanto o momento pra ter a sensação de viver o encanto. Ou se não podemos ter um final feliz que ao menos não seja trágico. Finalmente abrimos nossa garagem ou portão ainda assustados mas quase respirando aliviados por termos chegado a tempo em casa. E assim os momentos que realmente valem a pena, os momentos que marcam nossas vidas são substituídos por corridas contra o tempo. Não dá pra dar um beijo apaixonado na porta de casa, não pode-se demorar na despedida ou num olhar, é perigoso demais. As mães não podem parar o carro e fazer uma série de recomendações antes do filho descer, é melhor ir falando no caminho, mesmo sem olhar nos olhos, mesmo estando prestando atenção no trânsito. É mais seguro uma despedida breve ao invés de um abraço sincero, afinal ninguém quer quebrar o encanto.
Os segundos que pareciam mágicos somem, ninguém tem mais tempo pra isso. Vivemos assustados, não conseguimos aproveitar o momento, não nos entregamos à vida por medo, e infelizmente um medo real. Mas derrepente não faz mais tanto sentindo viver sem aqueles momentos únicos, espontâneos, que talvez fossem acontencer justamente na hora errada e tiveram que ser deixados pra depois, até que depois não era mais a hora.
sábado, 7 de março de 2009
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Viver com medo... isso não é jeito de se viver. =[
ResponderExcluirInfelizmente é bem a situação que passamos e até nos "acostumamos" por aqui.
Nem percebemos mais que andamos correndo por ruas escuras, que olhamos 300x pra trás, que estamos apreensivos e nervosos.
Um belo dia "você está com pressão alta" ou "você tem úlceras".
"Mas como, doutor?"
"Estresse, ora..."
"Mas eu procuro levar uma vida tranqüila, me estresso bem menos do que as outras pessoas que eu convivo!"
Pois é... mas esqueceu do estresse ao qual já se acostumou: o estresse da insegurança. O terror da fragilidade. O eterno medo.
Geralmente conseguimos fingir que ele não existe, parecer que tudo está bem e que este é o normal das coisas.
Esquecemos de almejar o melhor. Esquecemos de levantar um POUQUINHO a mira para PELO MENOS nos acharmos com valor suficiente de possuirmos alguma tranqüilidade e segurança.
Isso não é jeito de se viver...