sexta-feira, 17 de abril de 2009

Mortes que vem, vidas que vão.

Existe um medo da morte que vem, passa por nós e não nos olha, porém nos faz sentir tão intensamente que perdemos uma vida; não a nossa, mas sim a vida de um outro alguém, mas que fazia parte da nossa vida! E derrepente a vida fica com um pedaço de morte. Justamente a vida que parecia tão contrária à morte. Acho que isso é o pior, pois quando somos nós que partimos deixamos a vida para ter a morte, mas quando quem parte tinha um vínculo conosco, não deixamos uma coisa pra ganhar outra, pelo contrário, parece que perdemos tudo, e ainda assim temos que sentir a vida e a morte. A morte que nos é inevitável de sentir naquele momento e a vida que é preciso senti-la pra não perdê-la.

Algumas vezes, é apavorante pensar na morte que vem, na morte que não tem hora, não tem dia, não tem regra pra chegar. Na morte que não reconhece quem está levando. Onde todo mundo é só mais alguém dessse mundo, é só mais um. Não importa se era uma boa pessoa, não importa quem ou como era. Não há critério pra morte te “abraçar”. É como se não fosse uma coisa pessoal, fosse apenas uma regra, um quesito que tem que ser cumprido, e não se sabe pra que nem porquê.

Mas se a morte vem e leva, também tem a vida que vem e traz. Às vezes a vida vem com hora certa pra chegar, às vezes se adianta, às vezes se atrasa... mas sempre traz consigo mais alguém e não há regras, não há critérios. Por vezes parece que vida e morte compartilham dos mesmo princípios. A única diferença é que uma traz e a outra leva.

Há dias que não entendo porque temer tanto a morte se ela é tão parecida com a vida. Tudo bem, nossa morte é desconhecida, mas a vida que temos agora conhecemos? Temos agora mais controle do que teremos na morte? É normal(comum) não querer pensar na morte, mas é normal não querer pensar na vida? Se estamos aqui apenas seguindo um fluxo, uma rotina, um caminho sem desvios, que tanta diferença pode ter na morte? Ok, pode ser que na morte apenas ganhemos uma “plaquinha de fim”, mas será que temos medo da morte ou da vida? O medo da morte pode ser um medo de perder a vida, mas se há esse medo, por que desperdiçamos tantos momentos da nossa vida? Por que gastamos um dia com coisas nada importantes apenas fazendo o que mandam, fazendo o que não qeremos? Por que não nos importamos com um dia, que pode ser o último que teremos, que pode ser a última oportunidada de fazer algo grandioso ou não, mas que só pode ser feito e sentido na vida! Por que matamos nossos dias e vivemos nossa morte?

Um comentário:

  1. Boh! Muito bom!
    Eu já achava que tu tinha esquecido do teu blog.
    Eu concordo, a morte me parece como um pistoleiro vendado atirando no meio de uma multidão: não seleciona quem levar, não faz distinção.
    Acho que o que assusta na morte é justamente a aleatoriedade dela. Uma pessoa pode viver mais um minuto tendo tudo em suas mãos, assim como uma pessoa com cancer terminal pode acabar vivendo mais uma década. Nunca sabemos, nunca saberemos quando será nosso último momento e isto me parece ser aquilo que nos motivaria a fazermos o melhor com nossas vidas, a aproveitássemos da melhor maneira possível, fizéssemos mais coisas grandiosas, mais coisas que nos agradam, aproveitaríamos melhor as pessoas que amamos, mandaríamos com mais rapidez à merda as pessoas que nos desagradam, ignoraríamos os "Tem Que", os "Tu Deves" (do teu livro...), lutaríamos contra o que achamos errado, protegeríamos o que achamos certo, diríamos o que sentimos sem rodeios, resolvessemos as brigas o mais rápido possível, buscaríamos e aproveitaríamos a paz e a felicidade com GOSTO!
    Mas, infelizmente, não é o que acontece. Justamente a imprevisibilidade da morte é o que faz as pessoas encontrarem um cantinho psicótico para si. É o que permite que as pessoas consigam enganar a si próprias de que jamais morrerão, de que não há mal algum em desperdiçar mais um momento, de não confessar um sentimento, de se dedicar a mesquinharias, de se colocar no automático e viver na linha de produção, fazendo algo porque "deve" fazê-lo pra sobreviver, porque é "feio" não fazê-lo ou não fazer nada que os outros achem suficientemente bom, enfim, é o que permite às pessoas manterem existências banais, medíocres, sem sentido.
    Hoje mesmo eu pensei a respeito disso vendo aquela bobajada do globo repórter que te falei para assistir. Eles ficaram falando sobre as pessoas fazerem uma meditação e deixar os problemas para depois, de resolver o estresse, o caso daquele cara dos pães, etc. Tudo que eu fiquei pensando, em conjunto com o que pensei esta tarde, é no quão nocivo é nosso modo de existência de hoje em dia. Quantos problemas não precisariam ser deixados para depois se as pessoas buscassem satisfazer suas necessidades de maneira coerente? Se uma pessoa se dedicasse mais a sua família, seus hobbies, a lagartear no frio, a ficar sonhando acordado, a ler um bom livro por prazer, etc. ao invés dessa fissura incessável por trabalhar mais e mais para conseguir mais e mais dinheiro.
    Vai servir de muita coisa esse dinheiro quando o contador regressivo marcar 00:00, né?

    Aliás, agora me motivei a postar o que eu fiquei pensando de tarde.

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