domingo, 1 de fevereiro de 2009

Igualdade Social

Muito se fala em igualdade social. Para alguns é peça chave da campanha eleitoral, para outros é o encaixe perfeito que formará um mundo de paz e alegria(ou, pelo menos, quase isso). Eu não sei se alguém já chegou a pensar que essa coisa de igualdade social, pode não ser tão grandiosa assim, tão importante, pode não ser a peça que falta no nosso quebra-cabeça e que está nos impedindo de prossegir.É claro, que muita gente não se importa com essa coisa de igualdade social, mas não sei se há pessoas, digamos de “bem”, que achem esse assunto um tanto antiquado.

Há algumas semanas atrás eu estava assistindo alguns documentários sobre a Índia. Resumindo sucintamente e provavelmente com alguns erros ou equívocos, o fato que me chamou atenção foi o seguinte:

Na Índia as favelas não são violentas como as nossas, talvez a semelhança esteja, apenas, na decadência e pobreza. O espaço nelas é minúsculo, tanto que para se chegar de um lado ao outro possivelmente terás que entrar na moradia de um certo alguém para seguires caminho. Não existe privacidade alguma! As pessoas estão passando pela tua “casa” e entrando nela o tempo todo...Nós, bom ao menos eu,pensei: “nunca conseguiria viver num lugar assim!”.
O governo, não sei por qual motivo, mas, provavelmente, não por caridade, resolveu construir prédios para essas pessoas morarem,e assim poder acabar com a favela.
Mas a favela, não era apenas um empecilho para a igualdade social, essa favela tinha “vida”!
Todos na favela estavam horrorizados com as paredes que, futuramente, os separariam de tudo aquilo que era a vida deles.
A idéia, para eles, de não terem amigos, vizinhos e mesmo desconhecidos, passando e entrando pelas suas casas, era totalmente assustadora. Não ter o burburinho das vozes se encontrando, não ver a agitação, não ter a mistura de aromas das refeições se confundindo... Não ter tudo isso, era acabar com a identidade dessas pessoas.
Elas podem ter um apartamneto com paredes, mas o estudo delas, dificilmente será o ideal.Os sonhos delas estarão distantes dos nossos, porque não é apenas uma questão de paredes! Não é apenas dar aos outros o que consideramos tão vital! Essas pessoas da favela, elas são originais!
Certamente não estão tão contaminadas pelo capitalismo, mesmo todas elas tendo uma tv num casebre que mal elas cabem! Elas vivem desse jeito, porque não tiveram outra escolha, elas criaram suas regras, imaginaram seus futuros, enquanto todos as ignoravam.E derrepente alguém que para elas não é e nunca foi "alguém", resolve que tudo isso estava errado, e mais, que está fazendo uma bela duma boa ação,e destrói tudo que elas tinham.
Talvez, nem todo mundo queira se igualar a nós, queira nossas vidinhas! É claro que os moradores dessa favela querem e merecem certas coisas... Mas essa "nossa" utopia da felicidade, já não me convence mais.

Um comentário:

  1. É interessante isso.
    Temos o costume de achar que o melhor para nós é o melhor universal. Um costume de acreditar que nossos valores são os mais corretos, nossas crenças são as certas, nossos sonhos são os melhores sonhos. Todo mundo, se pudesse, seria como eu!
    É ou não é?
    Ainda descubro direito a palavra pra isso (não tenho certeza se isso é o tal do "etnocentrismo"... tenho que pesquisar isso).
    Coisas importantes para uma pessoa podem ser totalmente irrelevantes para outra.
    O mesmo vale com o que almejamos, seja se tratando de captação de capital ("emprego" seria muito restrito), relacionamentos, educação... enfim, qualquer aspecto na vida. Aquele emprego que todos acham o máximo pode não ser o que eu quero. Aquela pessoas que todos idolatram pode não ser o tipo de pessoa com quem eu me relacionaria. Aquela tão pomposa pós-gradução pode ser uma tremenda futilidade na minha vida.
    O ideal da "igualdade social", ao meu ver, seria possibilitar a todos que cresçam sem que precisem (acho que deveria ter aspas ae...) invadir/agredir o espaço alheio.
    E nisso eu não acredito. Nossos direitos nos castram dessa possibilidade.

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